A luta de Angola contra os rumores e mitos sobre a COVID-19
Luanda - "A COVID-19 não mata ninguém em Angola, pois somos imunes devido à malária", assim diz um dos inúmeros mitos sobre a pandemia no país da África Austral.
A desinformação e os rumores são dois dos desafios na luta contra o coronavírus. Em Julho, o escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola e o Ministério da Saúde criaram a Aliança COVID-19, um sistema para combater o surto de desinformação online potencialmente prejudicial.
Aliança COVID-19 acompanha e analisa as conversas em torno da pandemia nos meios de comunicação social e tradicionais e desenvolve conteúdo para combater tais rumores. No website da plataforma Aliança COVID-19, pode-se encontrar dados oficiais, actualizações regulares e mensagens chave sobre a doença. Esta informação, verdadeira e certificada, é também divulgada através dos meios de comunicação social e da sua própria plataforma WhatsApp.
Os rumores seguidos pela plataforma relacionam-se principalmente com menções sobre a doença, testes, tratamento, vacina e sobre a resposta por parte das autoridades locais e parceiros. "Quando ouvi que tinha de beber álcool ou comer alho para evitar a COVID-19, fiquei mais assustada do que aliviada, porque sabia que isso não era verdade" diz Denise Miranda, moradora da cidade do Kilamba, província de Luanda, capital do pais.
"Por vezes é assustador ver como são falsos e no entanto criativos os rumores circulantes", diz Elchadai Destino, um utilizador regular da plataforma da Aliança COVID-19, que recebeu uma mensagem via WhatsApp encorajando as pessoas a ignorar as medidas preventivas sobre alegações de que a doença já não era perigosa.
Os mitos populares sobre o cenário da desinformação da COVID-19 em Angola incluem mensagens sobre a vacinação contra a poliomielite, porque “se trata de uma experiência para avaliar a vacina da COVID-19”, ou que “a doença não existe no país”, e existem mentiras sobre como “ganhar um sorteio da COVID-19 ligando para um determinado número de telefone”.
"O acesso a informação oficialmente verificada é crucial no que diz respeito à prevenção da COVID-19, bem como quando se trata de garantir a boa saúde da população", diz a Dra. Djamila Cabral, Representante da OMS em Angola. "Promover o acesso à informação correcta e combater a desinformação contribui para uma melhor participação da população na resposta a esta pandemia sem precedentes".
O sistema da Aliança COVID-19 recebe cerca de 100 mensagens por dia de pessoas que procuram esclarecimento sobre rumores, acesso a testes, factos sobre a doença e sobre a sua transmissão, bem como medidas preventivas.
Lizandro Chissupa, Director da empresa de tecnologia que gere a plataforma da Aliança COVID-19 está confiante que a iniciativa ajudará a "diminuir o impacto da desinformação no nosso país e a orientar as pessoas a tomarem as medidas preventivas correctas".
Angola integrou a gestão infodémica na sua resposta para acabar com a pandemia da COVID-19. Na região africana, a OMS, organizações parceiras e grupos de verificação de factos lançaram uma aliança para acompanhar e combater a desinformação sobre a pandemia e outras emergências sanitárias.
A Dra. Djamila Cabral afirma que a OMS em Angola continuará a apoiar o Ministério da Saúde a reforçar a gestão da infodemia e outras medidas para promover a consciencialização da saúde pública.
"A desinformação pode levar à confusão e, em última análise, à desconfiança nos governos e na resposta de saúde pública", diz Cabral. "Vamos continuar a apoiar a implementação de intervenções chave que forneçam aos cidadãos informações claras baseadas em evidências e que conduzam a comportamentos de saúde positivos"