Viana (Luanda/Angola) - As autoridades sanitárias angolanas iniciaram sexta-feira, na localidade de Viana, uma vasta campanha de vacinação contra a raiva visando imunizar 235.638 (duzentos e trinta e cinco mil e seiscentos e trinta e oito) animais e controlar o surto que afecta a província de Luanda cuja população está avaliada 6,7 milhões de habitantes.

Durante esta campanha, o Governo de Angola pretende vacinar 70% da população animal (cães, gatos e macacos), consciencializar a população sobre a importância da vacina, reforçar as acções de vigilância humana e animal e reduzir a zero o número de óbitos causados pela raiva.

Para a primeira fase desta campanha, que vai decorrer de 27 de Março a 3 de Abril, o município de Viana mobilizou 170 pessoas, incluindo vacinadores, supervisores e mobilizadores distribuídos por 32 equipas para a vacinação de vacinar 54,8 mil animais no município de Viana, nos próximos sete dias.

Viana foi a área escolhida para o arranque desta campanha por liderar este ano os óbitos (13 um total de 34) por raiva na Província de Luanda, seguindo-se os municípios de Cazenga  (7 óbitos), Cacuaco (6), Belas (3), Kilamba kiaxi (3), Sambizanga (1) e Icolo e Bengo (1). Em todos os municípios de Luanda a taxa de letalidade foi de 100%, e as autoridades estão particularmente preocupadas porque 80% das vítimas abandonam o tratamento.

A iniciativa está a ser coordenada por uma Comissão Nacional contra a Raiva que inclui os Ministérios da Saúde, Agricultura, Polícia Nacional, Forças Armadas, Comunicação Social e as Administrações Municipais, com o apoio técnico da OMS e da FAO.

É a primeira vez que a província de Luanda realiza uma campanha anti-rábica em coordenação com todos sectores implicados. Segundo a Directora do Gabinete Provincial de Saúde Pública de Luanda, Drª Rosa Bessa, «Estas campanhas passarão a ser anuais, até se alcançar o controlo e a eliminação da raiva, como problema de saúde pública».
O Representante da OMS em Angola, Dr. Hernando Agudelo, felicitou as autoridades nacionais por esta iniciativa, e exortou todos os proprietários de cães, gatos e macacos a vacinarem os seus animais. «A raiva é uma doença que podemos facilmente prevenir através de campanhas regulares de vacinação e de sensibilização comunitária, mas cujo impacto na vida das populações já te tornou um sério problema de saúde pública», alertou ainda.

O Governador Provincial de Luanda, Graciano Domingos, acentuou igualmente que «a raiva é um grave problema de saúde pública para cujo controlo se exige a interacção dos serviços de saúde, agricultura, serviços comunitários, a polícia nacional, a Sociedade Civil e as comunidades».

Por sua vez, o administrador municipal de Viana, Manuel Caterça, sublinhou que 92 porcento das mortes registadas por raiva desde Janeiro até a presente  data, ocorreram em crianças menores de 10 anos de idade e apelou por isso à população do seu município a aderir a campanha, trazendo os seus animais de estimação à vacina.

O Secretário de Estado da Agricultura, Amaro Tati, reiterou o seu empenho para o sucesso desta campanha de vacinação anti-rábica, e exortou todos proprietários de cães, gatos e macacos a aderir a esta iniciativa que visa imunizar a população animal, evitar mortes desnecessárias e  proteger a saúde pública.

De Janeiro a Março de 2015, a Província de Luanda notificou 4,290 (quatro mil duzentas e noventa) mordeduras por animais. Se esta tendência continuar, acredita-se que os custos anuais para assegurar a vacina das pessoas mordidas por animais com raiva, só em Luanda, ultrapassem os seis milhões de dólares. A vacina contra a raiva está avaliada em 120 kwanzas (menos de dois dólares), mas o seu tratamento é 100 vezes mais dispendioso.

As estimativas mundiais indicam que a Região Africana regista uma média de 24 mil mortes anuais por raiva, sendo que mais do 90% destes casos foram causados por mordeduras de cães raivosos e em áreas urbanas onde o cão é o principal reservatório da doença.

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