A OMS promove os aspectos positivos da Medicina Tradicional e apela a mais investimentos na investigação científica
Director Regional da OMS para África na Conferência de Luanda
Luanda - Angola reafirmou o compromisso de estabelecer uma Política Nacional de Medicina Tradicional nos próximos tempos, incluindo a promoção da investigação científica nesta área, no final de uma conferência realizada segunda-feira em Luanda com o apoio da Casa Civil do Presidente da República.
A recomendação neste sentido foi anunciada no final de uma conferência nacional de um dia sobre Medicina Tradicional e a práticas complementares que reuniu cerca de dois mil delegados, com destaque para o Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Deputados, Membros do Governo, Universidades, Instituições de Investigação Científica, Ervanários, Terapeutas, ONGs, Peritos Internacionais de Moçambique, África do Sul, Brasil, Portugal, Cuba e Namíbia e Congo Democrático, assim como Instituições Religiosas, a Prémio Nobel da Paz para África junto a Unesco, Lucia Neves e as Agências das Nações Unidas, com destaque para Director Regional da OMS para África, dentre outras entidades.
A conferência teve inicio com as boas-vindas da Vice-Governadora de Luanda, Juvelina Imperial, que agradeceu aos organizadores pela escolha da cidade capital como palco desta iniciativa cujo objectivo foi «partilhar experiências e dar a conhecer as políticas de medicina tradicional dos países convidados.» Já à noite, no final dos trabalhos, assistiu-se à proclamação da Comissão Instaladora da Associação Angolana de Medicina Tradicional e à apresentação do seu presidente, vice-presidente e dos restantes quatro membros.
A Secretária dos Assuntos Sociais do Presidente da República, Drª Rosa Pacavira, expressou o desejo de um maior conhecimento sobre o papel curativo das plantas e produtos naturais, recordando que a medicina tradicional sempre desempenhou um papel de importância transcendental no país. «Em Angola as plantas medicinais são abundantes, o que constitui uma nota de realce para a medicina alternativa», disse a Assessora do Presidente da República quando sugeria maior multisectorialidade na abordagem deste problema, assim como maior interacção entre terapeutas nacionais e os peritos internacioinais convidados a este fórum, para o benefício da saúde dos utentes.
Por sua vez, o Director Regional da OMS para África, Dr. Luis Sambo, agradeceu ao Ministério da Saúde e à Comissão organizadora do evento por terem associado a OMS a esta iniciativa.
Referindo-se ao desempenho dos Sistemas de Saúde em África, o Director Regional da OMS observou que o Continente tem feito «progressos lentos» em relação às metas definidas internacionalmente, em grande parte devido ao limitado acesso das populações aos medicamentos de qualidade. «Precisamos de tecnologias essenciais, tais como medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde», disse ele aos três mil delegados reunidos na Conferência de Luanda.
Ao apresentar evidências sobre a experiência Africana desde que em 2000 se adoptou a Estratégia Regional de Promoção do Papel da Medicina Tradicional, o Dr. Luís Gomes Sambo constatou que o número de países da região com politicas nacionais de medicina tradicional subiu de 5 para 39, num total de 46 países, enquanto que a cifra dos que criaram uma estrutura no seio dos ministérios da saúde para o seu enquadramento aumentou de 22 para 39, nestes últimos doze anos. «A medicina tradicional mantém a sua popularidade em África e tem havido acções concretas para definir políticas, melhorar o enquadramnenbto juridico e estimular a produção de medicamentos tradicionais», destacou ele.
O Dr. Luis Sambo, pronunciou-se a favor da promoção dos aspectos positivos da medicina tradicional e enfatizou a importância de um quadro jurídico incluindo códigos de ética e regulamentação para reger as práticas, os praticantes e os produtos utilizados na medicina tradicional. O Director regional da OMS para África sublinhou por fim necessidade de um maior investimento na investigação, particularmente os aspectos etnográficos, operacionais e biomédicos; e assegurou às autoridades nacionais os préstimos da OMS para colaborar neste processso de mudança.
Por fim, o chefe da Casa Civil do Presidente da República, Dr. Carlos Maria Feijó, discursando em nome do Chefe de Estado, justificou a iniciativa desta conferência por Angola possuir «cerca de 52 mil terapeutas tradicionais e por apenas 70 por cento da sua população ter a cobertura da rede do sistema nacional de saúde».
«Estes factos levam-nos à uma reflexão profunda sobre o papel da medicina tradicional», disse ele, concluindo que Angola tem necessidade de estabelecer uma politica nacional de medicina tradicional nos próximos tempos, de uma inter-relação entre esta a medicina morderna ou convencional e de incentivar, de igual modo, a investigação científica nesta área.
O encerramento da conferência foi pelo Ministro da saúde, Dr. José Van-Dúnem, que acentuou a necessidade de se observarem boas práticas e cuidados seguros no exercício da medicina tradicional.
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