Cabo Verde sobe a fasquia para acabar com a transmissão vertical da hepatite viral

Cabo Verde sobe a fasquia para acabar com a transmissão vertical da hepatite viral

"Vacinar é proteger quem você mais ama. Todos devem fazê-lo", implora Orisa Brito, mãe de três crianças que vivem na Praia, a capital de Cabo Verde. A sua filha mais nova, Lila, é uma criança de 5 meses saudável, que recebeu uma dose de vacina contra a hepatite B poucas horas após o nascimento e que deve receber outra dose dentro de um mês.

 

O Dia Mundial da Hepatite - 28 de Julho - chama a atenção global para a doença contra a qual Lila está agora vacinada. A hepatite é uma das principais causas de morte no mundo. Na África, a hepatite viral tira a vida a cerca de 200 mil pessoas por ano, a maioria delas de doenças hepáticas relacionadas à hepatite viral B e C, incluindo cirrose e câncer de fígado. 

 

Os Estados Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) são signatários da Estratégia Global do Setor de Saúde para a Hepatite Viral, que exige a eliminação da doença até 2030 (definida como uma redução de 90% nos novos casos e de 65% nas mortes). A OMS desenvolveu um quadro de pontuação para a África que irá examinar, pela primeira vez na história, a prevalência e a resposta regionais à hepatite. Os primeiros resultados reflectem que apenas três dos 47 Estados-Membros da OMS estão no bom caminho para eliminar a doença.

 

"Esta análise é a primeira a acompanhar cada país da região e a avaliar o progresso em direção ao objetivo de salvar a vida de mais de dois milhões de africanos que podem desenvolver hepatite B ou C progressiva na próxima década, se os países não aumentarem seus esforços", diz o Dr. Matshidiso Moeti, Diretor Regional da OMS para a África. 

 

A transmissão vertical e perinatal são os caminhos mais prevalentes para a disseminação da hepatite B na África. Como o quadro de pontuação indica, Cabo Verde é apenas um dos 11 países da região subsaariana que instituíram um protocolo de dose de nascimento endossado pela OMS que visa quebrar esta cadeia de transmissão.

 

Em Cabo Verde, todas as mulheres grávidas são encorajadas a realizarem o teste da hepatite B e a vacinarem os seus bebés à nascença, uma prática instituída desde 2002 que acrescentou um quarto ponto de protecção ao regime de três doses já em vigor.  

 

Em 2010, o Ministério da Saúde de Cabo Verde introduziu o programa de vacinação pentavalente de rotina, que oferece protecção contra cinco ameaças comuns à infância, incluindo a hepatite B. A vacina é administrada em três doses: dois meses, quatro meses e seis meses. Até à data, todos os países da região seguem este protocolo rotineiro de vacinação infantil.

 

Maria Alice Ramos é Assistente Técnica de Imunização no Hospital Doutor Agostinho Neto, na Praia, a unidade sanitária onde nasceu a Lila. Ela é responsável pela entrega das primeiras vacinas aos bebés, incluindo hepatite B, poliomielite e tuberculose. "Em um mês, posso vacinar de 300 a 400 crianças", diz ela. "Venho ao hospital todos os dias para garantir que todas as crianças sejam vacinadas.

 

Todos os bebês saem do hospital com um caderno de vacinas. As mães levam-nos depois ao centro de saúde mais próximo para continuarem o plano de vacinação, explica Ramos, com orgulho. 

 

"Isto está de acordo com as recomendações da OMS de administrar tanto a dose ao nascimento como à vacinação infantil para a hepatite B", diz Evanilda Santos, Coordenadora Nacional do Programa Alargado de Vacinação e Saúde Infantil do Ministério da Saúde e da Segurança Social, mostrando o forte nível de comprometimento de Cabo Verde.

 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal à nascença no país é de cerca de 99%, e a cobertura da vacina pentavalente tem sido de mais de 90% na última década, atingindo 97,3% em 2018.

 

A vacinação é realizada nas maternidades, onde 98,7% das mulheres grávidas cabo-verdianas optam por dar à luz. Como prova do sucesso do programa, apenas quatro recém-nascidos no país em 2018 esperaram mais de 24 horas para receber a sua vacinação.

 

Segundo a Dra. Carolina Leite, Responsável pela Prevenção e Controlo de Doenças da OMS em Cabo Verde, o Governo mobiliza recursos financeiros para manter o programa de vacinação e comprometeu-se a eliminar a hepatite B.

 

"O Governo de Cabo Verde financia todas as vacinas. A OMS é encorajada por este compromisso e pela firme vontade política de apoiar a vacinação e acabar com o flagelo da hepatite B", afirma.

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Antonio Palazuelos Prieto

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