Dia Internacional do Enfermeiro, 12 de Maio de 2020

Mensagem da Dra. Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África    

A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou 2020 como o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira e é com enorme prazer que nos juntamos ao Conselho Internacional de Enfermeiros para celebrar o Dia Internacional do Enfermeiro neste 12 de Maio.

A celebração deste ano coincide com o ducentésimo aniversário do nascimento de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna. O tema deste ano, “Enfermeiros: Uma voz para liderar – Enfermagem para a Saúde no Mundo”, dá destaque ao papel fundamental que os enfermeiros desempenham e aos cuidados que prestam em inúmeras comunidades, sobretudo em resposta à pandemia de COVID-19.

Fico profundamente preocupada por saber que cerca de 1000 profissionais de saúde foram infectados pela COVID-19 na Região Africana. Muitos dos quais são enfermeiros que trabalham em estreita colaboração com as comunidades. Com o apoio de parceiros públicos e privados, devemos redobrar esforços para garantir que os enfermeiros e os outros profissionais de saúde na linha da frente têm acesso a equipamento de protecção individual que lhes permitirá prestar em total segurança serviços essenciais às comunidades.

Para limitar a propagação de infecções nas unidades de saúde e melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos doentes, a OMS formou mais de 3000 profissionais de saúde que trabalham na linha da frente em África, incluindo um número elevado de enfermeiros, através de webinários interactivos sobre prevenção e controlo das infecções e gestão de casos. Em colaboração com enfermeiros-chefes e associações sub-regionais de enfermagem, um maior número de enfermeiros dispõem agora das competências e conhecimento necessários para travar a propagação desta pandemia.

Muitos países também estão a convocar mais profissionais de saúde para combater a COVID-19. O Gana, por exemplo, está a recrutar mais de 10 000 enfermeiros e parteiras.

Na Região Africana, mais de metade dos nossos profissionais de saúde (53%) são enfermeiros. No entanto, com uma fraca densidade de nove enfermeiros por 10 000 habitantes na Região Africana, muitos enfermeiros estão sobrecarregados. Nas aldeias e cidades do continente, os enfermeiros são os que são mais solicitados na prestação de serviços de saúde sistemáticos e cuidados de emergência.

Para fazer face à escassez de enfermeiros, os países planeiam formar dois enfermeiros por cada enfermeiro que se reformar, mas esta medida deverá ser acompanhada por um aumento anual de 10% no pessoal formado para que o objectivo de desenvolvimento sustentável seja alcançado. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego dos enfermeiros em África suscita cada vez mais preocupação. Para melhor entender e superar estes desafios, seis países[1]realizaram análises do mercado de trabalho para justificar a necessidade de investir mais no pessoal da saúde. Em Angola, o decreto presidencial sobre as carreiras de enfermagem, publicado em 2019, permitiu recrutar mais de 5300 enfermeiros de cuidados de saúde primários.

Na Região Africana, a OMS está a colaborar com os países para reforçar os quadros regulamentares e a formação de enfermeiros baseada nas competências. Os institutos de ensino público no Lesoto e na África do Sul desenvolveram programas de formação em enfermagem baseados nas competências de acordo com o protótipo de programa de formação regional elaborado pela OMS. A Essuatíni desenvolveu um quadro de competências baseado nas directrizes regulamentares da OMS. O Maláui, a Namíbia e a Serra Leoa também recorreram a esses instrumentos.

A Etiópia, o Gana e a Nigéria melhoraram os seus programas de formação em enfermagem e reforçaram a formação e o recrutamento de enfermeiros. Pelo menos nove países[2] decidiram investir na formação de enfermeiros especializados ou em práticas avançadas de pediatria, oncologia, cuidados de emergência e saúde da mulher.

Para maximizar as sinergias entre os enfermeiros e os outros profissionais de saúde, a OMS incentiva abordagens de equipa para garantir uma prestação de serviços eficaz. Por exemplo, o centro colaborador da OMS sobre a formação e prática interprofissionais do Kamuzu College of Nursing no Maláui está a realizar a um curso de transição interprofissional para melhorar os cuidados do VIH em equipa. Esta formação destina-se a enfermeiros que se licenciaram recentemente, bem como a outros clínicos e profissionais de apoio à área da saúde.

Não há dúvidas de que está a ser feito um trabalho considerável para reforçar a posição da enfermagem em África, mas são necessários mais investimentos. É por isso que hoje, no Dia Internacional do Enfermeiro, apelo aos governos, às instituições académicas, às organizações da sociedade civil e aos parceiros para que invistam na aceleração da formação dos enfermeiros, na criação de empregos, na elaboração de percursos de carreira e na liderança em todos os níveis. Mais especificamente, e no quadro da resposta à COVID-19, exorto todas as partes interessadas a garantir que os enfermeiros dispõem do material e equipamento necessários para prestar cuidados de saúde em total segurança, e que lhes é disponibilizado todo o apoio e aconselhamento necessários caso tenham desenvolvido problemas de saúde mental e psicossocial.

Por fim, gostaria de agradecer e felicitar todos os enfermeiros na Região Africana pelo seu compromisso diário em manter o mundo seguro, promover a saúde e servir os mais vulneráveis.

Saiba mais:


[1] África do Sul, Benim, Etiópia, Mauritânia, Namíbia e Serra Leoa

[2]África do Sul, Botsuana, Gana, Maláui, Quénia, República Unida da Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabué.