“É hora de agir” é o tema escolhido para o Dia Mundial da Tuberculose, comemorado este ano a 24 de Março, e põe a tónica na necessidade de intensificar as acções de forma a alcançar as metas dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionadas com a erradicação das epidemias de tuberculose até 2030.
Na Região Africana, os novos casos de tuberculose estão a diminuir, tal como as mortes imputáveis a esta doença. A África do Sul, o Botsuana, a Essuatíni, o Lesoto, a Namíbia e o Zimbabué têm registado alguns dos declínios mais rápidos do mundo. A expansão da cobertura da terapêutica anti-retroviral tem levado a rápidos decréscimos de casos de tuberculose relacionados com o VIH/SIDA e a uma diminuição do número de mortes imputáveis a esta doença. Em 2018, quatro em cada cinco (80,2%) pessoas com tuberculose multirresistente ou extensivamente resistente a medicamentos iniciaram um tratamento.
Embora a Região esteja a registar progressos, ainda temos um longo caminho pela frente para alcançar, até 2030, as metas dos ODS relacionadas com a tuberculose. Com efeito, o número de novos casos de tuberculose registados na Região Africana continua a ser superior ao de qualquer outra região da OMS. Além disso, apenas uma em cada duas pessoas com tuberculose (56%) em todo o continente está a receber tratamento. Menos de uma em cada três crianças (29%) que viva com uma pessoa com tuberculose activa está a beneficiar de terapêutica preventiva. Os orçamentos para o controlo da tuberculose são sistematicamente subfinanciados e a maioria dos países não dispõe de informações sobre as famílias que suportam custos astronómicos associados à tuberculose. Tais dados são necessários para acompanhar os progressos realizados para atingir as metas dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Na OMS, estamos a cooperar com os parceiros para formar o pessoal da saúde em prevenção e tratamento da tuberculose. O objectivo desta iniciativa é chegar a grupos de alto risco e garantir a aplicação das melhores práticas.
Estamos a colaborar com os programas de luta contra o VIH e as doenças não transmissíveis, bem como os programas de saúde materna e infantil, para reforçar o rastreio de pessoas com maior risco de serem infectadas pela tuberculose, como as crianças, as pessoas que vivem com o VIH e os diabéticos.
Temos igualmente vindo a coordenar as nossas acções, a nível político, com todos os países para adoptar o uso de tecnologias de diagnóstico sensíveis. É preciso, mais do que nunca, aumentar os investimentos na inovação para que essas tecnologias passem a ser os primeiros meios de diagnóstico utilizados para todos os casos suspeitos de tuberculose.
De forma a monitorizar os progressos realizados em toda a Região, temos levado a cabo revisões anuais dos programas e desenvolvido uma tabela de pontuação continental em colaboração com a União Africana. Estas medidas estão a ser complementadas pela promoção da recolha de informações sobre os agregados familiares que suportam custos astronómicos associados à tuberculose.
É agora hora de tirar partido dos ganhos obtidos colectivamente para tomar medidas ambiciosas que nos permitirão alcançar os nossos objectivos:
É hora de os governos aumentarem os investimentos nacionais em prol do combate à tuberculose e fortalecerem os contextos regulamentares de modo a facilitar a importação, monitorização e utilização de produtos de qualidade.
É hora de os fornecedores de serviços de saúde implementarem padrões mínimos de cuidados em consonância com as recomendações da OMS sobre os meios de diagnóstico, os regimes de tratamento e a terapêutica preventiva para grupos de alto risco.
É hora de os governos considerarem que a tuberculose exige uma acção mais ampla que vai além do sector da saúde. Devemos iniciar um diálogo com membros de outros ministérios, parlamentares, líderes comunitários, investigadores, instituições académicas, grupos de defesa do doente e pessoas infectadas pela tuberculose. É necessária uma acção multissectorial que garanta o acesso universal aos serviços.
É hora de os governos e parceiros trabalharem juntos para combater factores de risco associados à tuberculose, tais como locais sobrepovoados, profissões de alto risco (nomeadamente os mineiros e o pessoal da saúde) e as comorbidades como o VIH, a diabetes e a malnutrição infantil.
Em última análise, para acabar com as epidemias de tuberculose e outras doenças, precisamos de sistemas de saúde fortes para constituírem a base da cobertura universal de saúde.
Para a África vencer a luta contra a tuberculose, precisamos de trabalhar juntos para garantir não só que as comunidades têm acesso a meios de diagnóstico, tratamentos e acompanhamento de qualidade, mas também que ninguém fica para trás.