Dia Mundial das Hepatites 2020

Mensagem da Dra. Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

No dia 28 de Julho, celebramos o Dia Mundial das Hepatites com vista a aumentar a sensibilização para esta ameaça à saúde pública. Dos 71 milhões de africanos com hepatite viral crónica, 300 perdem tragicamente a vida todos os dias devido ao cancro do fígado e a outras complicações relacionadas com as hepatites B e C.

O tema deste ano, “Um futuro sem hepatites”, realça a importância de prevenir a transmissão vertical da hepatite B e reforçar a prevenção, o rastreio e o tratamento para combater a hepatite B e curar a hepatite C.

A hepatite B representa 85% da carga da doença na Região Africana da OMS. O primeiro mês de vida representa o período em que se é mais vulnerável à infecção, podendo ser prevenida através da vacinação à nascença contra a hepatite B nas primeiras 24 horas de vida. Alcançar uma cobertura de, pelo menos, 90% na Região contribuiria significativamente para a prevenção de mais de 1,5 milhões de novas infecções e 1,2 milhões de mortes por cancro do fígado até 2035.

A hepatite B pode passar despercebida durante anos e ter consequências devastadoras. Por exemplo, Ansah, uma mulher ganesa de 25 anos, foi diagnosticada com hepatite B e cancro do fígado durante os cuidados pré-natais. O seu bebé foi vacinado contra a hepatite B nas 24 horas que seguiram o seu nascimento, mas o futuro de Ansah permanece incerto. A família da jovem mãe confessou que não faziam ideia de que a infecção podia actuar de forma tão silenciosa e ter consequências tão graves.

Apesar do baixo custo da vacinação à nascença contra a hepatite B, apenas 13  países africanos a introduziram no seu programa nacional de vacinação, ficando-se muito aquém da meta de 25 países até 2020. Até à data, 15 países lançaram planos nacionais de luta contra a hepatite e o Ruanda e o Uganda têm programas nacionais de rastreio e tratamento da doença.

A OMS está a trabalhar com os países e os parceiros para acelerar as acções com vista a uma redução de 90% nas novas infecções por hepatite B e C e de 65% nos óbitos causados pelas mesmas até 2030. A consecução destes objectivos requer a introdução e expansão urgentes da vacinação à nascença contra a hepatite B, e a exploração adequada das infra-estruturas criadas para a luta contra o VIH e a sífilis, para prevenir a transmissão vertical e garantir que as mães têm acesso a rastreio e tratamento. Saúdo a Organização das Primeiras-damas Africanas por defender a tripla eliminação da transmissão vertical do VIH, da sífilis e da hepatite B.

A luta travada actualmente contra a COVID-19 poderá contribuir fortemente para mais atrasos na expansão da vacinação à nascença contra a hepatite B e de outros serviços essenciais no combate à doença. As pessoas que sofrem de complicações relacionadas com a hepatite têm um maior risco de desenvolver uma forma grave da COVID-19 e devem, portanto, continuar a receber serviços essenciais de prevenção e tratamento da hepatite durante e após a pandemia.

Com um compromisso político assumido pelos governos e pelos parceiros – apoiado por dotações orçamentais e integrado através de uma abordagem focada no reforço do sistema de saúde – e comunidades informadas e capacitadas, conseguiremos alcançar um futuro sem hepatites.


Saiba mais:

Prevenção, cuidados e tratamento da hepatite viral na Região Africana: Quadro de acção 2016–2020

Hepatitis B Birth Dose Investment Case, Vaccine Investment Strategy, Gavi, the Vaccine Alliance, 2018