Mensagem da Dr.a Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
No dia 25 de Abril de 2020, celebramos o Dia Mundial de Luta contra o Paludismo, para chamar a atenção para o impacto devastador que esta doença tem nas famílias, nas comunidades e na sociedade. Numa altura em que o mundo trava uma guerra contra a COVID-19, este evento permitirá igualmente destacar a importância de manter sistemas de saúde resilientes e de continuar a fornecer serviços de saúde essenciais aos utentes, mesmo em tempo de crise.
O tema retido este ano para o Dia Mundial de Luta contra o Paludismo, “Zero paludismo. Começa comigo”, faz referência a uma campanha no terreno lançada pela primeira vez no Senegal em 2014. Esta campanha pretende mobilizar todos os intervenientes envolvidos na luta contra o paludismo, desde os decisores políticos até ao sector privado e às comunidades afectadas.
Os países africanos desenvolveram grandes esforços para controlar a doença e a Argélia foi certificada como livre do paludismo em 2019. No entanto, a Região Africana da OMS ainda registou 213 milhões de casos em 2018, representando 93% dos casos recenseados no mundo inteiro. Todos os anos, mais de 400 000 pessoas morrem do paludismo e 94% dessas mortes ocorrem na Região Africana. As crianças com menos de cinco anos constituem o grupo mais vulnerável, uma vez que representam 67% dos óbitos.
Esta situação continua alarmante e desigual.
No âmbito dos objectivos de desenvolvimento sustentável, os países comprometeram-se a erradicar a epidemia de paludismo até 2030. A iniciativa E-2020 para a eliminação do paludismo foi lançada em 2017[1]e, para travar o aumento do número de casos, sobretudo na África Subsariana, a abordagem “Acção de elevado impacto nos países com elevadas cargas” foi lançada em 2018.[2] Há um ano, os ensaios pilotos da primeira vacina contra o paludismo no mundo, RTS’S, foram realizados no Gana, no Quénia e no Maláui. Até à data, 275 000 crianças receberam a vacina.
Esta acção é louvável, mas estamos longe do objectivo estabelecido para 2020, isto é, reduzir em 40% o número de casos e de óbitos associados ao paludismo. Vamos precisar de redobrar esforços para alcançar uma redução de 75% até 2025. Um maior compromisso político, investimentos acelerados e mais inovação na prevenção e no controlo do paludismo revelam-se urgentemente necessários.
Juntos, devemos reconhecer que enquanto o paludismo não for erradicado, a doença irá ameaçar as populações mais pobres e mais vulneráveis, e tem o potencial de reaparecer em tempos de crise, como a da pandemia de COVID-19 que enfrentamos actualmente.
Para consolidar os progressos que realizámos, apelo aos países a alocar recursos, a trabalhar em todos os sectores e a reforçar a colaboração transfronteiriça para combater o paludismo. Com o financiamento necessário, uma forte coordenação, parceiros dedicados e o envolvimento das comunidades, podemos vencer a luta contra o paludismo e livrar a África dessa doença.
Saiba mais:
- Numa recente declaração e na secção das perguntas frequentes disponíveis no website da Organização, a OMS realçou a importância de continuar com as medidas de prevenção, detecção e tratamento do paludismo. Esses serviços devem ser prestados recorrendo às melhores práticas para proteger os profissionais de saúde e as comunidades contra a COVID-19. Continuaremos a actualizar as mensagens e as informações à medida que a situação evolui.
- Tailoring malaria interventions in the COVID-19 response (9 de Abril de 2020): https://www.who.int/malaria/publications/atoz/tailoring-malaria-interventions-in-the-covid-19-response/en/
- Relatório Mundial sobre o Paludismo 2019
https://www.who.int/malaria/publications/world-malaria-report-2019/en/