Todos os anos, no dia 1 de Dezembro, a comunidade internacional reúne-se para comemorar o Dia Mundial de Luta contra a SIDA.
“As comunidades fazem a diferença” é o tema deste ano e pretende consagrar o papel essencial desempenhado pelos líderes locais, as pessoas que vivem com o VIH, os educadores de pares, os agentes comunitários de saúde, as organizações da sociedade civil e os activistas locais na luta contra a SIDA. As comunidades certificam-se de que a resposta permanece relevante, fundamentada e centrada nas pessoas.
Segundo as estimativas de 2018, dos 26 milhões de pessoas que vivem com o VIH em África, quatro em cada cinco (81%) fazem o teste de rastreio, duas em cada três (64%) recebem tratamento, e uma em cada duas (52%) apresenta uma carga viral indetectável sem risco de infectar outras pessoas. Na Região, o número de novas infecções pelo VIH não pára de diminuir e estamos a fazer progressos na eliminação da transmissão do VIH de mãe para filho. Tal não seria possível sem o apoio de milhões de membros das comunidades, muitos dos quais vivem com o VIH ou foram afectados pela doença.
Países como o Ruanda e a África do Sul mostraram como os agentes comunitários de saúde e os educadores de pares conseguem realizar testes de diagnóstico rápidos, com os resultados disponíveis no mesmo dia, permitindo a mais pessoas descobrirem o seu estado sorológico para o VIH.
Iniciativas implementadas em toda a Região revelam que é mais provável que as pessoas continuem com o tratamento para o VIH quando são aconselhadas, apoiadas e educadas pelos seus pares. Os membros da comunidade em Benim, as mães que actuam como mentoras no Lesoto, os grupos de adesão comunitária em Moçambique, os farmacêuticos comunitários na Nigéria, e os acompanhantes de adolescentes em tratamento no Zimbabué são a ponte que liga as pessoas que vivem com o VIH aos cuidados, à adesão a tratamentos e ao bem-estar geral. Na Zâmbia, foram desenvolvidos intensos esforços pelos agentes comunitários de saúde ao visitar, porta a porta, algumas comunidades periurbanas para promover e proporcionar um vasto leque de serviços relacionados com a saúde e o VIH. Esta iniciativa permitiu alcançar os objectivos de tratamento e teste estabelecidos na meta 90-90-90 e reduziu drasticamente as novas infecções pelo VIH em 30% nas comunidades-alvo.
Apesar deste sucesso, todos os anos 1,1 milhões de pessoas são infectadas pelo VIH em África. Juntos, devemos abordar diferentes desafios para erradicar a SIDA até 2030. O financiamento destinado à SIDA tem vindo a diminuir, colocando os nossos progressos em risco. A cobertura dos serviços de cuidados para o VIH continua a não ser universal, uma situação que afecta principalmente os mais desfavorecidos. As adolescentes e jovens mulheres continuam a apresentar um maior risco de serem infectadas pelo VIH devido às desigualdades de género, à violência baseada no género, ao casamento precoce, ao sexo transaccional e a outras práticas culturais nefastas. Os homens têm menos probabilidade de fazer o teste e iniciar o tratamento para o VIH. A maioria das crianças que vive com o VIH não tem acesso a tratamento. O estigma e a marginalização persistem, sobretudo nas populações que apresentam um maior risco de infecção.
Para superar estes desafios, é necessário adoptar uma estratégia liderada pelas comunidades que vai além das unidades de saúde. As comunidades devem dispor de mais conhecimento, direitos e poder para impulsionar a mudança.
Na OMS, recomendamos uma combinação de abordagens para os testes de rastreio, incluindo redes de rastreio comunitárias, autotestes e o reencaminhamento assistido por serviços de saúde para alcançar pessoas com maior risco. Recomendamos também que os países formem e mobilizem agentes comunitários de saúde, incluindo pessoas que vivem com o VIH, para prestar cuidados e tratamentos descentralizados e diversificados.
Apelo, hoje, a todos os governos e doadores para que continuem a investir na luta contra a SIDA em África. A recente reconstituição dos recursos do Fundo Mundial representa um gesto de solidariedade mundial que merece ser saudado.
Para terminar, gostaria de relembrar o papel fulcral desempenhado pelas comunidades no combate ao VIH e peço-vos, portanto, que continuem a promover o acesso universal a serviços relacionados com o VIH e a ajudar na criação da procura desses serviços, para influenciar as políticas nacionais de luta contra o VIH e oferecer programas de prevenção e tratamentos às pessoas infectadas. Estão a fazer a diferença que permitirá eliminar a SIDA no curso de uma vida.
Saiba mais:
Estatísticas mundiais sobre o HIV e a SIDA – ficha de informação (2019)