A 4 de Fevereiro de 2019 comemoramos o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro subordinado ao tema: “Estou atento e vou agir”. Este tema foi escolhido para nos recordar as importantes medidas que podemos - e devemos - tomar enquanto indivíduos, grupos, comunidades e líderes políticos para reduzir o impacto do cancro nas nossas vidas.
O cancro continua a ser uma das principais causas de mortalidade no mundo. Os novos casos e óbitos por cancro continuam a aumentar. Em 2012, houve 14 milhões de novos casos e 8,2 milhões de mortes, ao passo que em 2018 houve 18,1 milhões de novos casos e 9,6 milhões de mortes. Se a tendência actual continuar, estima-se que o fardo do cancro em África deverá duplicar de 1 055 172 novos casos de cancro em 2018 para 2 123 245 casos de cancro até 2040. Entre os desafios mais importantes que os doentes oncológicos enfrentam em África mencionam-se a pobreza, o diagnóstico tardio e incorrecto, e ainda a falta de cobertura médica.
Os principais factores que fazem aumentar o fardo do cancro em África incluem o aumento da exposição aos factores conhecidos de cancro, tais como o tabagismo, o estilo de vida sedentário, a alimentação desequilibrada, o consumo de álcool e a poluição ambiental. Outros factores que contribuem para o aumento do fardo do cancro em África são as alterações epidemiológicas que estão presentemente em curso. Em resumo, o fardo do cancro está a aumentar, pois os africanos estão agora a viver mais tempo, muito devido aos melhoramentos no controlo das causas infecciosas da mortalidade e morbilidade.
Entre os factores responsáveis pelo elevado fardo do cancro em África contam-se a ausência de informação amplamente disponível sobre os sinais e sintomas iniciais do cancro, o diagnóstico tardio e/ou incorrecto, a ausência/os fracos sistemas de encaminhamento, dificuldades de acesso aos cuidados e ao tratamento e aos medicamentos, e os fracos sistemas de saúde. No mundo, apenas 26% dos países de baixos rendimentos indicam ter serviços de patologia no sector público, e apenas 30% destes países têm serviços de tratamento oncológico; no entanto, 90% dos países de rendimentos elevados disponibilizam este tipo de serviços.
Realizaram-se progressos significativos no diagnóstico e tratamento dos cancros nos países de elevados rendimentos. Isto resultou num melhor prognóstico e numa melhoria das taxas de sobrevivência do cancro nos países de elevados rendimentos, com a taxa de sobrevivência a 5 anos a chegar aos 80%-90% para os cancros que podem ser tratados quando detectados precocemente. Infelizmente, a maioria dos doentes oncológicos em África é diagnosticada numa fase tardia e o prognóstico para um resultado positivo é mais reduzido, mesmo nos casos em que o tratamento está disponível e é comportável.
O diagnóstico do cancro não deverá representar uma sentença de morte nem levar a despesas catastróficas na sequência de pagamentos directos feitos pelo doente para o diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos. Um futuro sem cancro está ao nosso alcance individual e colectivo. Tal como nos propõe o tema deste ano, vamos todos individual e colectivamente decidir pôr fim à injustiça do sofrimento evitável provocado pelo cancro, como parte do nosso compromisso com a Cobertura Universal de Saúde e o esforço geral de não deixar ninguém para trás. Milhares de vidas podem ser salvas em África com uma prevenção, detecção precoce e acesso e tratamento adequados do cancro.
Exorto todas as partes interessadas e sobretudo os governos africanos, seja ao nível local, estadual, provincial, nacional ou supranacional, a criarem um ambiente no qual os factores de risco do cancro, por exemplo, o consumo de álcool e o tabagismo, sejam reduzidos, e os cidadãos tenham bons níveis de actividade física, um peso corporal saudável e façam uma boa alimentação. A prevenção do cancro e a criação de uma cultura de saúde são uma missão essencial do governo, que ultrapassa os departamentos tradicionais que se focam na saúde, como, por exemplo, os ministérios da saúde. As partes interessadas devem resolver as questões actuais do acesso inadequado aos meios de diagnóstico e terapêuticos, da falta de conhecimentos sobre a doença e os baixos níveis de literacia sanitária, dos materiais inadequados de prevenção, da desconfiança no sistema de saúde e do fatalismo no que toca à cura do cancro.
Incentivo as pessoas a envolverem-se activamente e a adoptarem estilos de vida e hábitos saudáveis. São importantes as actividades comportamentais, tais como fazer uma alimentação saudável, tanto na variedade como na quantidade de alimentos, praticar uma actividade física e receber as intervenções clínicas adequadas para a prevenção do cancro. Manter-se saudável também envolve a vacinação contra o cancro, como para os cancros hepático e do colo do útero, evitar as causas conhecidas da doença e uma gestão cuidadosa da exposição a outras substâncias carcinogéneas.
Conto convosco para tomarmos medidas sustentáveis e nos envolvermos de todas as formas possíveis porque juntos podemos criar mudanças e derrotar o cancro!
Muito obrigado.