O tema das celebrações deste ano do Dia Mundial de Luta contra o Paludismo, “a eliminação do paludismo começa comigo”, reforça a necessidade de se capacitar as pessoas em todo o mundo para que se comprometam, pessoalmente, a salvar mais vidas, e de se ajudar as comunidades e economias a prosperarem, eliminando o paludismo. Capacitar as pessoas e as comunidades, e envolvê-las na adopção e aplicação de intervenções simples e economicamente viáveis é fundamental para colmatar as lacunas de implementação existentes.
Também temos de acelerar o ritmo dos progressos se quisermos alcançar uma redução de 40% nos casos e mortes por paludismo em todo o mundo até 2020, comparativamente aos níveis de 2015. Isto irá propulsar os países no caminho da eliminação e contribuir para a consecução de outros Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, como a melhoria da saúde materno-infantil. Temos de acelerar os progressos, uma vez que ainda existem lacunas significativas na implementação de medidas para evitar o paludismo, e uma estagnação no financiamento internacional e nacional para a prevenção e o controlo da doença. Por conseguinte, lançamos um apelo a favor de um compromisso político renovado de eliminar o paludismo e de maiores investimentos na prevenção e controlo do paludismo, e instamos os governos a mobilizarem todos os recursos internos e externos necessários, e a assegurarem a colaboração intersectorial e transfronteiriça.
Embora os países em toda a Região Africana tenham envidado enormes esforços para alargar o acesso ao controlo do paludismo, e, na sequência de um período de sucesso sem precedentes na luta contra o paludismo no mundo, a edição de 2018 do World Malaria Report [Relatório do Paludismo no Mundo] confirmou as conclusões do relatório de 2017 e revelou um aumento de 3,5 milhões de casos de paludismo nos 10 países africanos onde o fardo da doença é maior, em comparação com 2016. Isto é alarmante para a África, pois dos 15 países que contribuíram para 80% do fardo mundial do paludismo, todos, excepto a Índia, são da África Subsariana; além da Índia, dez destes 15 países respondem por cerca de 70% dos casos e mortes por paludismo no mundo.
Apesar destes desenvolvimentos, há sinais de progressos, uma vez que as tendências gerais mostram que entre 2010 e 2017, o número estimado de novos casos de paludismo na Região Africana diminuiu de 206 milhões em 2010 para 200 milhões em 2017, e o número de mortes relacionadas com o paludismo caiu de 555 000 para 402 000. Dois países na Região (Etiópia e Ruanda) estão entre os 20 países a nível mundial que registaram uma redução significativa dos casos de paludismo (em mais de 20%) e das mortes em 2017, por comparação com 2016.
Para responder ao desafio do aumento do número de casos nos países com um fardo elevado e inverter estas tendências, foi lançada em Novembro de 2018 uma abordagem liderada pelos países de “fardo elevado para impacto elevado” (HBHI). Liderada pela OMS e pela Parceria Fazer Recuar o Paludismo, a resposta pretende galvanizar a vontade política aos níveis nacional e mundial para reduzir as mortes por paludismo. Serão também usadas informações estratégicas para impulsionar o impacto e implementar as melhores orientações, políticas e estratégias mundiais para os países onde a doença é endémica, bem como respostas coordenadas dos países.
Para além disso, os países na Região estão a continuar a realizar testes de paludismo e a contar com a distribuição de mosquiteiros tratados com insecticida e a pulverização intradomiciliária com insecticidas, enquanto estratégias cruciais de combate ao paludismo. Metade das pessoas em risco de contraírem paludismo na África Subsariana dormia coberta por mosquiteiros tratados com insecticida em 2017, comparativamente a 30% em 2010, o que indica algum êxito das campanhas de mudança de comportamento e de proximidade. Este êxito precisa de ser sustentado.
Exorto os países a afectarem recursos adequados, a trabalharem com todos os sectores e a reforçarem a colaboração transfronteiriça. Com os recursos necessários, uma forte coordenação e parceiros dedicados, podemos acelerar as nossas acções para alcançarmos uma África livre de paludismo - transformando uma visão comum de acabar com o paludismo para sempre numa realidade partilhada, para uma África mais saudável e mais próspera.