A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai juntar-se à comunidade global para assinalar a Semana Mundial de Sensibilização para os Antibióticos, de 12 a 18 de Novembro de 2018, com o tema geral “Pense duas vezes. Procure aconselhamento.” Este ano, a OMS está a introduzir subtemas com vista a demonstrar o imenso trabalho em curso para combater a resistência antimicrobiótica e que evidencia como os antibióticos estão ligados às pessoas, aos animais e ao ambiente.
A resistência aos antibióticos é uma realidade que ameaça a nossa saúde futura.
Quando os antibióticos são usados de forma abusiva o que está em jogo é a própria segurança da saúde a nível mundial. Os antibióticos estão a deixar de ser medicamentos milagrosos que salvam vidas e a tornar-se ineficazes contra as infecções resistentes que podem afectar qualquer pessoa, de qualquer idade e em qualquer país. A resistência aos antibióticos ocorre quando as bactérias (não as pessoas ou os animais) se tornam resistentes aos ingredientes activos deste medicamentos. Estas bactérias resistentes aos medicamentos podem infectar as pessoas e os animais, tornando as infecções como a pneumonia, a tuberculose e a gonorreia mais difíceis de tratar. As razões do aumento da resistência aos antibióticos incluem a prescrição excessiva, o uso abusivo por parte dos doentes que não seguem as indicações dos profissionais de saúde, o uso excessivo na agricultura, o controlo deficiente das infecções e a falta de novos antibióticos. Podemos ajudar se procurarmos o aconselhamento dos profissionais de saúde antes de tomarmos antibióticos. Os antibióticos são um recurso precioso.
Os laboratórios e os investigadores têm um papel fundamental a desempenhar na identificação das bactérias resistentes e em contribuir para o panorama global, para que o mundo possa tomar medidas adequadas.
África não dispõe de dados sobre a escala e a abrangência da resistência aos antibióticos. No entanto, sabemos que a resistência aos antibióticos está a aumentar porque as bactérias comuns que causam infecções do tracto urinário, diarreira e feridas sépticas, entre outras, estão a tornar-se resistentes aos antibióticos que estão facilmente disponíveis e são amplamente prescritos. Em todo o continente, os laboratórios podem ajudar, mantendo-se atentos às evidências de resistência nas bactérias que analisam e facultando esta informação aos esforços nacionais e regionais, para que se compreenda a forma como esta resistência se propaga e onde apresenta maiores riscos.
Os hospitais e os centros de saúde podem ajudar a manter as infecções à distância através de boas práticas de higiene e saneamento
As infecções propagam-se quando o saneamento, a higiene e as medidas de controlo das infecções não são seguidas. Os profissionais de saúde devem sempre praticar boas medidas de prevenção e controlo das infecções. Além disso, devem apenas receitar e dispensar antibióticos quando forem verdadeiramente necessários, informar os doentes sobre como tomá-los adequadamente e educar os doentes sobre como evitar as infecções comuns. Todos os hospitais e centros comunitários de saúde deverão esforçar-se para controlar a propagação das infecções através do uso das melhores medidas possíveis de higiene e saneamento.
Uso sensato dos antibióticos nas pessoas e nos animais que realmente deles precisam
Os doentes nunca devem solicitar ou partilhar antibióticos e devem apenas usá-los quando são prescritos por um profissional de saúde habilitado. Os agricultores e os produtores alimentares podem ajudar, dando antibióticos aos animais apenas para controlar ou tratar doenças infecciosas e reduzindo gradualmente a utilização sistemática de antibióticos para promover o crescimento. É fundamental garantir que os doentes e os animais tomam antibióticos apenas quando é realmente necessário, para manter, durante o máximo de tempo possível, a eficácia dos antibióticos.
São necessários investimentos para criar um mundo mais inteligente para medicamentos seguros e eficazes
A investigação e o desenvolvimento são a pedra angular dos novos antibióticos que salvam vidas. No entanto, desde os anos 80, têm surgido muito poucos novos antibióticos. São urgentemente necessários incentivos para que as parcerias público-privadas investam em novos medicamentos, vacinas e meios de diagnóstico, para estimular o desenvolvimento de novos antibióticos e tratamentos. Os governos, agências de financiamento e o sector privado precisam de investir e trabalhar juntos para garantir a existência de medicamentos seguros e eficazes para as gerações vindouras.
A OMS na Região Africana tornou prioritária a luta contra a resistência aos antibióticos e está a trabalhar com os países para elaborar e implementar planos de acção para combater a resistência aos antibióticos e gerar dados fiáveis para a acção. Estamos a ajudar os países a criar sistemas de saúde mais resistentes através de regulação e políticas mais robustas que promovam o uso adequado de antibióticos de qualidade.
O uso abusivo de antibióticos apresenta riscos para todos nós. Exorto todas as pessoas a pensarem duas vezes e a procurarem aconselhamento junto de um profissional habilitado antes de tomarem antibióticos.