Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
Todos os anos, no dia 5 de Maio, celebramos o Dia Mundial da Higiene das Mãos. Este ano, numa altura em que lutamos contra a pandemia de COVID-19, a importância de uma boa higiene das mãos para salvar vidas nunca foi tão preeminente como agora.
Podemos proteger-nos a nós próprios e às nossas famílias com uma lavagem frequente das mãos com água e sabão ou gel desinfectante à base de álcool. A higiene das mãos, o distanciamento físico, a etiqueta respiratória e a desinfecção de superfícies representam um conjunto de medidas preventivas básicas eficazes contra diversas doenças, incluindo a COVID-19. Neste contexto, vários países africanos implementaram disposições para garantir o abastecimento gratuito de água às comunidades. Esta iniciativa, que pretende fazer com que mais pessoas possam lavar as mãos, insere-se no plano de resposta nacional à doença.
Para celebrar o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira, o tema retido este ano para o Dia Mundial da Higiene das Mãos é “enfermeiros e parteiras: a prestação de cuidados higiénicos está nas vossas mãos”. Isto porque a prevenção e o controlo das infecções, nomeadamente através da prática de higiene das mãos, desempenham um papel essencial em todos os contextos, sobretudo em unidades de cuidados de saúde onde garantem a prestação de cuidados de qualidade ao doente.
A OMS está a colaborar com os países, o Programa Alimentar Mundial e outros parceiros para garantir que os profissionais de saúde têm acesso a todos materiais essenciais, incluindo equipamento de protecção individual (como luvas). Nas últimas semanas, realizámos operações de reabastecimento em mais de 50 países africanos.
Formámos igualmente mais de 3000 profissionais de saúde, em colaboração com associações de enfermagem sub-regionais e outros parceiros, através de seminários virtuais interactivos, nos quais demonstrámos nomeadamente como praticar uma boa higiene das mãos.
No entanto, precisamos urgentemente de aumentar o acesso à água em todo o continente. Este objectivo deverá ser alcançado com o apoio dos nossos parceiros. Na África Subsariana, mais de uma em cada quatro unidades de cuidados de saúde não dispõe de água corrente. Há cada vez mais fábricas locais a produzirem géis desinfectantes à base de álcool, mas este tipo de produto não substitui o acesso a um sistema de abastecimento de água seguro e fiável.
O acesso limitado à água transcende as unidades de saúde, afectando igualmente as comunidades. Menos de 50% das famílias na África Subsariana dispõem de instalações básicas para lavar as mãos com água e sabão. Em resposta à COVID-19, estão a ser instalados cada vez mais pontos de água para lavar as mãos, mas precisamos de apostar em soluções de longo prazo para aumentar de forma sustentável o acesso à água.
Ao longo dos últimos 20 anos, os progressos realizados no acesso à água na África Subsariana foram inconsistentes. O número de pessoas que usam fontes de água não melhoradas continua igual. O número de pessoas que usam águas de superfície diminuiu em um terço. O número de pessoas que percorrem trajectos de 30 minutos ou mais para se abastecerem de água mais do que duplicou e esta tarefa recai sobretudo sobre as mulheres e as raparigas.
É com isto em mente que no Dia Mundial da Higiene das Mãos exorto os governos, os parceiros do sector privado, os inovadores, os cientistas e as comunidades a investirem no acesso à água destinada às unidades de saúde e às famílias. A COVID-19 está a revelar as desigualdades no acesso a serviços básicos e dispomos de uma oportunidade para melhorar o acesso à água nas comunidades mais vulneráveis.
Lavar as mãos salva vidas, mas para tal é essencial o acesso à água potável. Juntos podemos tornar isto uma realidade para todos os africanos.
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