Semana Africana da Vacinação 2020

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

Desde 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aproveita a última semana de Abril para celebrar a Semana Africana da Vacinação em uníssono com a Semana Mundial da Vacinação. 

O tema deste ano, “Todos Protegidos: As Vacinas Funcionam!”, celebra as pessoas que participam no desenvolvimento de vacinas, os profissionais de saúde que as administram e os vacinados. Todos eles contribuem para a luta contra as doenças infecto-contagiosas, protegendo as populações de todo o mundo. Isto nunca foi tão claro como com a actual pandemia da COVID-19.

Ao longo dos últimos nove anos, a Semana Africana da Vacinação permitiu vacinar mais de 180 milhões de pessoas. Este ano, devido às medidas de confinamento impostas pela maioria dos países, tal como o distanciamento físico, as actividades da campanha de vacinação tiveram de ser adiadas. Assim que a transmissão da COVID-19 for contida, uma das nossas prioridades consistirá na intensificação de actividades de vacinação suplementares de forma a garantir a cobertura vacinal de todas as comunidades, sobretudo as de maior risco.

Mesmo em tempos de crise, devemos continuar a garantir a prestação de serviços de vacinação sistemática como parte integrante dos serviços de saúde essenciais. É preciso, agora mais do que nunca, aumentar os investimentos destinados à investigação e ao desenvolvimento de vacinas. 

Graças às acções levadas a cabo pelo Fórum Africano de Regulamentação das Vacinas, as comunidades têm cada vez mais rapidamente acesso a vacinas seguras e eficazes.  Depois de passar o processo de pré-qualificação da OMS em Novembro de 2019, o Burundi, o Gana, a Guiné, a República Democrática do Congo e a Zâmbia precisaram apenas de 90 dias para aprovar a introdução da vacina contra o Ébola desenvolvida pela Merck. 

Os países africanos devem realizar ensaios clínicos que cumpram os padrões internacionais, de forma a garantir que os produtos produzidos estão adaptados às necessidades regionais. A transferência de tecnologia deverá permitir aumentar a produção de vacinas nos países africanos e reduzir a dependência do continente no que diz respeito à importação desses produtos essenciais. 

Todos os anos, mais de 30 milhões de crianças africanas com menos de cinco anos adoecem e 500 000 morrem devido a doenças evitáveis pela vacinação. Este número representa 58% dos óbitos imputáveis a essas doenças a nível mundial. O crescimento populacional tem dificultado os progressos da cobertura vacinal, cujo alcance continua nos 76% na Região Africana, bem longe dos 90% estabelecidos como objectivo.

Os resultados deste défice são claros: no ano passado, seis países africanos reportaram surtos importantes de sarampo.[1] Na República Democrática do Congo, onde se registou o surto mais grave de sarampo, foram recenseados mais de 360 000 casos da doença e mais de 6600 mortes. A maioria das pessoas afectadas era crianças. 

Para reforçar a cobertura vacinal, precisamos de consolidar os serviços de saúde essenciais de forma a desenvolver sistemas de saúde resilientes. A forma mais eficiente de o fazer é através de sistemas de cuidados de saúde primários sólidos, que permitirão igualmente realizar progressos na consecução da cobertura universal de saúde.

Para proteger as comunidades contra surtos de doenças evitáveis pela vacinação nestes tempos sem precedentes, apelo aos países a manterem os seus serviços de vacinação sistemática, usando abordagens inovadoras e aplicando fortes medidas de prevenção e controlo de infecções nas unidades de saúde. 


Saiba mais: 

World Immunization Week 2020 https://www.who.int/news-room/events/detail/2020/04/24/default-calendar/world-immunization-week-2020

COVID-19: Operational guidance for maintaining essential health services during an outbreak

https://www.who.int/publications-detail/covid-19-operational-guidance-for-maintaining-essential-health-services-during-an-outbreak


[1] Chade, Etiópia, Guiné, Níger, República Centro-Africana, República Democrática do Congo.